O recente caso envolvendo o filme “Emilia Perez” e a atriz Carla Gascon trouxe à tona debates sobre o engajamento exagerado do brasileiro, a disseminação de discursos preconceituosos e a catarse de ódio direcionada a grupos marginalizados. As falas estranhas da atriz, que incluem teorias da conspiração e posições preconceituosas sobre vacinas durante a pandemia, exemplificam a necessidade de combate a esse tipo de pensamento. A sociedade deve se posicionar contra discursos que ameaçam pessoas e espalham ódio. Além disso, os Estados devem agir juridicamente para investigar e punir indivíduos que usam suas plataformas de notoriedade para disseminar essas falas, evitando que se tornem normais.
O envolvimento exacerbado do brasileiro em lutas dentro de suas bolhas de realidade, muitas vezes transformando essas lutas em objetivos de vida, não é uma novidade. No entanto, vemos agora um fenômeno perigoso de ressentimento e união de forças para destilar ódio contra determinados grupos. No caso atual, a atriz Carla Gascon, uma mulher trans, tornou-se alvo. Quando alguém de um grupo marginalizado comete um erro, parece que a catarse de ódio é maior, unindo transfóbicos e não transfóbicos em uma ação que soa ilegítima.
É importante lembrar que essas reflexões são baseadas em experiências anedóticas e no viés de confirmação. Não li ou conhećo estudos que comprovem que delitos cometidos por membros de grupos marginalizados são mais atacados ou tem ataques mais vultuosos do que os de outros grupos. No entanto, é perceptível como os ataques e críticas muitas vezes contêm mais ataques pessoais disfarçados do que críticas ao teor original.
Há uma sensação de que, para muitos dos que estão atacando a atriz, “tinha que ser desse grupo”. Em momentos como esses, é crucial fazer uma reflexão sobre o antes, o durante e o depois desses ataques. A unificação das massas em ódio revela um ponto sensível na sociedade, onde a marginalização social e a ideológica se transformam em força motriz de movimento contra tais grupos
Isso, ao meu olhar, gera uma desproporsao entre o “delito” e a “pena”, pois quem esta “ajuizando” este ato, não consegue se libertar de suas amarras de preconceito, não consegue enxergar a subjetividade de cada existência, e se foca numa representação de um ataque a sua forma de pensar particular.