Um olhar para a revolução da IA (DeepSeek)

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Vamos refletir, passo a passo, sobre as ideias apresentadas, utilizando a lógica socrática para questionar e explorar os pressupostos que estão por trás delas.


1. A genialidade está no DNA ou no acesso a oportunidades?
Será que a diferença entre empresas como a NVidia, a OpenAI e a DeepSeek reside em uma suposta superioridade genética de um povo ou nação? Ou será que o poder econômico, ao concentrar recursos, consegue atrair talentos de qualquer parte do mundo — sejam eles americanos, indianos, brasileiros, chineses ou russos — para os centros do capital? Se a genialidade não é monopolizada por um grupo específico, mas distribuída globalmente, então o que explica a disparidade entre essas empresas? Talvez não seja uma questão de capacidade intelectual inata, mas de acesso a oportunidades e recursos.


2. Os EUA são inferiores em capacidade intelectual então ?
A ideia de que os Estados Unidos poderiam ser inferiores em capacidade intelectual parece contraditória, dado o histórico de inovações e avanços tecnológicos que surgiram de lá. Mas será que a questão não está mal formulada? Talvez a capacidade intelectual não seja o fator determinante, mas sim o modelo de negócios e a ideologia que orientam essas empresas. Se os EUA não são inferiores intelectualmente, por que então empresas como a DeepSeek conseguem competir ou até superar concorrentes americanas? Será que o problema não está no sistema que prioriza o lucro acima da inovação genuína?


3. O modelo de negócios e a ideologia fazem a diferença?
Se observarmos empresas como a Apple, vemos que elas não necessariamente lançam o melhor produto possível, mas sim o mais lucrativo. A Apple, por exemplo, libera tecnologias de forma gradual, não porque não possa fazer melhor, mas porque o “fetiche da mercadoria” — a criação de desejo e escassez — é parte central de seu modelo de negócios. Isso nos leva a questionar: será que o capitalismo, em sua busca incessante pelo lucro, acaba limitando o potencial tecnológico em vez de ampliá-lo? E, nesse sentido, será que a DeepSeek, ao adotar um modelo mais híbrido — ainda capitalista, mas menos orientado para a maximização do lucro a qualquer custo — consegue inovar de forma mais eficiente?


4. O capitalismo é o motor da inovação?
Muitos liberais defendem que o capitalismo é o grande impulsionador do progresso tecnológico. Mas será que isso é verdade? Ou será que evoluímos tecnologicamente apesar do capitalismo, e não por causa dele? Se olharmos para a história, veremos que todos os avanços científicos e tecnológicos, senão a maioria esmagadora deles, muitas vezes surgiram de esforços coletivos, financiados por Estados ou movidos por interesses que vão além do lucro imediato. A corrida espacial, por exemplo, foi impulsionada por uma competição geopolítica, não por motivações puramente capitalistas. Isso nos leva a questionar: será que o capitalismo, ao priorizar o lucro, não acaba criando barreiras para a inovação, ao invés de removê-las?


5. O que a DeepSeek nos ensina sobre modelos alternativos?
A DeepSeek, ao adotar um modelo menos agressivamente capitalista, parece demonstrar que é possível inovar sem sucumbir à lógica do lucro imoral. A China, com seu sistema híbrido, mostra que há alternativas ao capitalismo ocidental tradicional. Isso nos leva a refletir: será que o futuro da inovação tecnológica não está em modelos que equilibrem competição e cooperação, lucro e bem-estar coletivo? E, mais importante, será que não estamos confundindo “progresso” com “lucro”, quando, na verdade, eles nem sempre andam juntos?


Conclusão: Questionar para evoluir
Ao questionarmos essas ideias, percebemos que a genialidade não é monopolizada por uma nação ou sistema, mas distribuída globalmente. O que varia é o acesso a oportunidades e os modelos que orientam a inovação. Talvez o capitalismo, em sua forma mais agressiva, não seja o motor do progresso, mas sim um obstáculo que precisamos contornar. A DeepSeek e outros exemplos nos mostram que há caminhos alternativos — e que, para evoluir, precisamos questionar não apenas as tecnologias que criamos, mas também os sistemas que as produzem. Afinal, como diria Sócrates, uma vida não questionada não merece ser vivida — e um sistema não questionado não merece ser seguido.

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