Sempre que alguém vier com o discurso de que “bilionários geram empregos”, lembre-se não apenas dessa notícia isolada, mas de centenas de outras semelhantes que se repetem mundo afora. Recentemente, cinco profissionais foram demitidos da redação do NerdBunker — parte do Jovem Nerd — sob o argumento de uma “reestruturação estratégica” para reduzir custos e adequar-se às “novas demandas do mercado”. Em outras palavras: corte de gente para manter a margem de lucro intacta.
Não é a benevolência de um bilionário que cria empregos. É a demanda. E quando essa demanda desaparece — ou se torna menos lucrativa — os empregos desaparecem junto. Se bilionários pudessem operar sem contratar ninguém, apenas colhendo lucros, fariam isso sem hesitação. Eles não empregam por generosidade. Empregam porque, temporariamente, precisam.
Durante a pandemia, a área de tecnologia viu um boom: salários dispararam, contratações foram aceleradas. Mas tão logo o “normal” retornou, vieram as demissões em massa, os cortes, a precarização. A lógica é clara: o lucro sempre vem antes da estabilidade das pessoas.
Há ainda casos mais cruéis, como o dos entregadores de aplicativos. Em plena pandemia — com demanda explodindo — esses trabalhadores arriscavam suas vidas sem máscara, sem álcool gel, sem direitos, sem qualquer rede de proteção. Mesmo sendo a engrenagem que manteve a cidade funcionando, foram tratados como descartáveis. Por quê? Porque o sistema disfarça essa exploração com palavras como “flexibilidade” e “empreendedorismo”, enquanto esmaga qualquer possibilidade de organização coletiva. A demanda gerou lucros astronômicos, mas não foi capaz de gerar dignidade.
O capitalismo, em sua forma mais brutal, é capaz de absorver a necessidade humana como motor de lucro — e ainda assim negar reconhecimento, estabilidade ou respeito. Bilionários não geram empregos. Eles apenas toleram sua existência enquanto forem úteis para o lucro.